Canguçu, terça-feira, 16 de abril de 2024
Menu

Cíntia Santos: Precisamos falar sobre suicídio


O século XXI está marcado por um quadro caracterizado como uma Pandemia Psicossomática (peste emocional).Problemas de toda ordem,depressão, ansiedade, transtornos de humor, dificuldades de aprendizagem, perda de memória, irritabilidade, falta de tolerância, ausência de conversa, falta de afeto, etc. Estamos diante um quadro que nos obriga a realizar um diagnóstico da situação.

Nossa “Central de Emoções” necessita deletar todo o lixo emocional acumulado. A não liberação dos sentimentos, associado a ações precipitadas, motivadas por frustrações e rejeições, forma um ambiente propício para o adoecimento de nossas almas.

Surge aqui então um tema muito delicado, um tabu, mas que deve ser falado a fim de ser prevenido: o suicídio. Comportamento este que pode ser descrito a partir de um espectro de manifestações, tais como automutilação, ideias de morte, plano, tentativa e suicídio consumado. É um fenômeno social que constitui um grave problema de saúde pública, que resulta da interação de múltiplos fatores: biológicos, psicológicos, socioculturais e ambientais.

Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo, é uma morte a cada 40 segundos. O Brasil é o 8º país com mais suicídios, com uma morte a cada 45 minutos, média de 32 suicídios por dia.

No Rio Grande do Sul, a taxa de suicídio representa uma média de três mortes a cada dia. Em relação ao indicador que mede o desempenho do suicídio, a taxa (a cada 100.000 habitantes) é de 10,6 no mundo, 9,8 nas Américas, 15,4 na Europa, 6,5 no Brasil e de 11,65 no Rio Grande do Sul. E dos 20 municípios brasileiros que têm os mais altos índices, 11 são gaúchos.

Mas sabe-se que os números podem ser muito maiores, pois a subnotificação é reconhecida. Além disso, os especialistas estimam que o total de tentativas supere o de suicídios em pelo menos dez vezes. O suicídio ocorre durante todo o curso de vida e foi a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos no último ano.

O fenômeno impacta não apenas os sobreviventes (familiares e pessoas próximas à vítima), como a comunidade em geral. De acordo com a OMS(Organização Mundial da Saúde), de 6 a 10 pessoas são diretamente afetadas pela perda, com prejuízos emocionais, sociais ou econômicos.

Embora a relação entre distúrbios suicidas e mentais (em particular, depressão e abuso de álcool) esteja altamente relacionada, vários suicídios ocorrem de forma impulsiva em momento de crise, com um colapso na capacidade de lidar com os estresses da vida – tais como problemas financeiros, términos de relacionamento ou dores crônicas e doenças.

Além disso, o enfrentamento de conflitos, desastres, violência, abusos ou perdas e um senso de isolamento estão fortemente associados com o comportamento suicida. As taxas de suicídio também são elevadas em grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes; indígenas; comunidade LGBTI e pessoas privadas de liberdade.

O suicídio é uma questão complexa e, por isso, os esforços de prevenção necessitam de coordenação e colaboração entre os múltiplos setores da sociedade, incluindo saúde, educação, trabalho, agricultura, negócios, justiça, lei, defesa, política e mídia.

A OMS reconhece o suicídio como uma prioridade de saúde pública, e o governo do estado, alinhado às orientações da OMS instituiu através do Decreto n° 53.361, de 22 de dezembro de 2016, o Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio (RIO GRANDE DO SUL, 2016), em que também há a participação da sociedade civil.